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Newsletter – 05/04/24

Essa é a Newsletter da Revista Sarabatana, enviada semanalmente, sempre às sextas-feiras.

Oi, como vamos levando essa vida?

Por aqui lidando com a última (será?) tempestade de neve antes que o calor se instale de verdade, e encarado essa página que estava em branco até alguns minutos…

Enquanto a encarava pensava no que escrever para vocês, até que do branco — interno e externo — me veio uma pergunta: por que estou bloqueada? Estou bloqueada? Como entendemos esse bloqueio? O famoso “bloqueio de escritor” é algo que realmente afeta todos nós? Imagino que sim, e há quem diga que até os mais prolíficos autores passam por isso.

O que fazer, então, diante dessas perguntas? Entender porque esse bloqueio acontece. Para isso, sugiro que observemos alguns aspectos da nossa vida — que acarretam outros — que podem afetar o processo criativo. Mas como eu sou dessas que se agarram a um objetivo e se propõem ultrapassar barreiras, deixo também pistas de solução, um apanhado de ideias para lograr o desbloqueio.

O primeiro aspecto a ser levantado (e tenho certeza que ele já apareceu em alguma das nossas newsletter) é o perfeccionismo. O alerta tem que estar sempre presente! Buscar a perfeição pode nos levar a uma autocrítica excessiva, que por sua vez pode ser paralisante. Essa paralisia pode ser facilmente mal interpretada como procrastinação, e daí já viu, o combo perfeito para o trabalho ser interrompido e que duvidemos de nós mesmos! O perfeccionismo também pode nos levar a pensar demais em como estamos escrevendo, nos levando a reler as mesmas linhas à exaustão, ou ainda exagerar nas pesquisas que, sim, podem ser feitas, mas que também devem ser interrompidas em algum momento, para que nossa própria voz emerja.

Outro aspecto importante está relacionado à história a ser contada. Em outras palavras, quando não sabemos como vamos desenrolar a trama ou quais são as características, ou desafios de nossos personagens, podemos nos sentir bloqueados e a continuidade da escrita pode ser afetada. Uma forma de lidar com esse obstáculo, para mim, é conhecer novos lugares (pode ser na sua cidade mesmo), se reunir com amigos, enfim, se nutrir da vida acontecendo ao seu redor. Mas há escritores que defendem que os caminhos se acham no próprio escrever, e escrevem como uma forma de se desbloquear. Faça da maneira que achar mais apropriada para seus hábitos de escrita.

E quais seriam outras formas de superar tal bloqueio? Primeiro, faça as pazes como o fato de ele pode se apresentar para você. O identifique, se afaste um pouco do trabalho (começado ou por começar) e reflita sobre o que pode estar te causando o bloqueio. Após esse exercício, procure o ambiente mais confortável para você, use música, iluminação, uma boa caneta, um bom teclado, enfim, deixe o espaço no qual você escolheu trabalhar propício para a criatividade. Isso inclui, obviamente, livrar-se das distrações online!

Com isso feito, integre uma combinação de exercícios, dos mais conhecidos aos mais inovadores, em sua rotina. Existem técnicas pensadas para estimular a criatividade, e podem ser caminhos para superar o bloqueio de escritor. Entre as técnicas mais conhecidas, podemos citar a escrita livre ou automática. Para utilizá-la, basta definir um tempo (5 minutos, 20 minutos, depende de você) e escreva continuamente sem se preocupar com gramática, pontuação ou coerência. Esse exercício ajuda a contornar justamente a autocrítica opressora e a busca pela perfeição. Com os pensamentos fluindo livremente é possível gerar novas ideias.

Fazer listas para organizar os pensamentos, escrever somente algumas frases, fazer perguntas, utilizar imagens — tudo isso pode estimular sua criatividade, seja para começar novas histórias ou para desenvolver sua arte de escrever. Esses incentivos para a escrita podem oferecer uma nova perspectiva.

E que tal tentar outros exercícios, como entrevistar pessoas? Na entrevista da última edição da Sarabatana, Camila Fabbri nos conta como esse exercício foi importante para ela escrever El día que apagaron la luz. Você pode ler a entrevista aqui.

Mas o entrevistado não precisa ser uma pessoa real. Que tal entrevistar seu próprio personagem? Faça uma lista de perguntas e imagine como ele responderia! Isso vai te ajudar a se envolver com os personagens, os tornará mais densos, mais profundos e vai contribuir com o desenrolar da trama, abrindo inclusive novas possibilidades de enredo.

Outra forma de exercitar a escrita e sair do bloqueio é descrever uma pessoa que você não conhece, mas pode observar, como uma pessoa sentada em uma mesa próxima à sua, no café, na biblioteca, no ônibus. Elabore uma descrição detalhada de sua aparência física, o que você acha que ela está pensando. Tente criar um perfil para ela. Você pode também criar uma cena hipotética envolvendo essa pessoa. Tal exercício pode aprimorar as habilidades descritivas e a criação de personagens.

Finalmente, um exercício que acho super útil: ter um — ou muitos — quadro de inspiração. O que significa isso? Se trata de um quadro repleto de imagens, citações e qualquer coisa que te estimule. Essa coleção visual pode servir como uma fonte constante de inspiração e motivação. Eu amo frases soltas de grandes obras, como essa, do genial Cortázar, presente no Jogo da Amarelinha: “si me ves por alguno de tus pensamientos, abrázame que te extraño”.  

Vou ficando por aqui! Um salve para vocês!

 
 
 

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