Newsletter – 29/03/24
- revistasarabatana
- 29 de mar. de 2024
- 3 min de leitura
Essa é a Newsletter da Revista Sarabatana, enviada semanalmente, sempre às sextas-feiras.
Trilha sonora para essa edição: M Train, Macha Gharibian
I
Sou muito influenciável.
Entro nos filmes e livros que me afetam e passo dias vivendo naquele universo. Quero comer o que as personagens comem, mesmo que seja uma lata de sardinha em pé na pia da cozinha. Quero me vestir como as personagens se vestem, mesmo sabendo que não fico nada bem de gorro. Quero fazer as viagens que elas fazem e falar como elas falam, mesmo que sejamos de lugares tão diferentes.
Nesse momento, estou apaixonada pela Patti Smith e sua aparente frugal vida em Linha M. Tudo o que ela faz parece mágico, mesmo sendo absolutamente mundano. É que ler é como se olhar no espelho. A gente se acha em lugares muito diferentes daqueles com que estamos acostumadas. Nem é preciso procurar tanto, basta deixar que o desejo nos guie.
II
Escrever, para mim, demanda certa obsessão, é preciso mergulhar no processo inteiramente, viver, comer, respirar o que estou escrevendo. É que o mais interessante do processo de escrita é justamente o que está fora da escrita em si, do ato de colocar as palavras no papel. Os livros que leio para compor o ambiente, as músicas que ouço, os filmes que assisto, as exposições que visito são justamente o que me aproxima daquela verdade que preciso liberar na página em branco. São eles que me ajudam a achar a cor, a textura e os muitos nomes que posso ter. É que escrever um livro é um processo de parir a si mesma. E é incrível saber que posso ser múltipla.
Garanto que basta permitir e as influências certas para o tom que se está buscando acabam nos encontrando (ou será que somos nós que as atraímos?). É um deleite! Ultimamente, pouco me empolga tanto quanto o sublinhar linhas e mais linhas dos livros, anotar frases dos filmes, olhar as pessoas na rua em busca de vestígios da minha história. Vejo meu livro em tudo. Fico frenética. E me deparo com muitas oportunidades de me olhar no espelho com franqueza.
III
Estamos terminando a preparação da próxima edição da Sarabatana, a primeira desse nosso ano 2, que vai ao ar amanhã. A cada nova edição, temos a chance de fazer um balanço do tanto que construímos para chegar até aqui. Foi muita coisa! 4 edições, 3 clubes de escrita, 1 clube de leitura, incontáveis contatos, um sem número de novas formas de ler, escrever e compartilhar.
Dá trabalho, ocupa um tempo que nem imaginávamos antes de embarcar nessa empreitada, mas também nos faz crescer um pouquinho a cada dia, nos mostra como podemos abrir mais espaço para nossas criatividades, nossas individualidades e nossas somas. Cada vez mais tenho certeza que o fazer junto permite chegar mais longe. Então, aproveito essa newsletter para agradecer à Lívia, minha parceira no empunhar desse megafone. Com ela, fica mais divertido mostrar ao mundo tantos textos bonitos, entrevistas instigantes e leituras apaixonadas. Obrigada!
IV
É sexta-feira santa e, mesmo que eu não seja cristã, gosto da ideia de renascimento que a páscoa representa. É bonito demais imaginar que é possível recomeçar sem pecados, culpas ou amarras. Também me agrada que podemos usar esse momento para agradecer pelo que foi e abrir caminhos para o que está por vir.
Desejo que você aproveite o feriado para renascer! Coma chocolate, bacalhau, ou sardinha em pé na pia da cozinha. Se olhe no espelho e veja o que seus olhos querem te mostrar. Seja!
Até logo,
Anna
📚Li numa sentada só o Quem matou meu pai? do Édouard Louis. Fazia tempo que vinha querendo ler o jovem escritor francês. Ele merece mesmo todo o hype, que moço incrível!
📚Li também Um homem só, do Christopher Isherwood. Tinha visto o filme (que aliás não se parece com o livro) quando saiu há mais de 10 anos, e ainda não tinha lido o livro. Como sempre, gosto mais do livro do que do filme. Recomendo!
📽Assisti a My Life as a Courgette, uma animação de 2016. Que coisa linda! Apenas vejam.
📽Ando numa fase japonesa (de novo) e revi Tokyo Ga. Wenders é mesmo meu diretor da vida. Agora quero rever vários filmes do Ozu também. Alguém me indica mais algum filme que se passe na terra do sol nascente?
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