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porto

yuri coutinho

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sorte das pedras

que afundam

amalgamando-se

umas às outras

 

sorte dos sapos

que como os lagartos

têm voz de catorze gases

um timbre de merda

 

sorte dos grãos

que esquentam no silo

azar do homem

que se contorce

 

para sangrar o silo

benzeno arquitetônico

botulínico

triste quase fálico

 

azar do homem

que sabe que existe

sorte dos gases

que sobem direto

 

camioneta tombada

no portal da Alemoa

pontilhando de laranjas

os paralelepípedos

 

cansados

da zona prostportuária

onde as dragas fedem bege

arfando a pura tuberculose

 

nas passarelas andaime

bóias-zap ceiam na pista

e dão sirenes escarlates

para azar dos transeuntes

 

baixa dos morros satélite

uma leva de encarregados

da cidade mastigagente

de Santos ao cais

 

chacoalham nos transportes

gordos estivadores

magros estivadores

esfomeados estivadores

 

o sol estaca as naus

estacionadas

aguardando para singrar

das avenidas

 

nos labirintos ratados

babilônias tripuladas

com ninjas clandestinos

nos containers

 

inundando os mercados

o espiomarketing

chupa-dados

com um bi de coprobuzinas

 

mais tarde as bugigangas

serão renegociadas

sempre a joga-verde

num fundo de galeria

 

do topo da sociopirâmide

escorre mais sangue que sal

só dois murchos holerites

ao milheiro do currículo

 

a esconsa lida é nauseante

papéis para inglês ver

ligações para comprar país

às três da matina

 

quanto ao petróleo

sob a crosta do bananal

não vale o glifosato

juram-nos os relatórios

 

é tipo C nosso milagre

senão virávamos Catar

triste povo ajoiado

não precisa ajoelhar

 

vejo um navio

descarregar

deixando o píer

dou adeus

 

ao porto marado

um lamento

galeano

do submundo

Número 8

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