Newsletter – 06/10/23
Essa é a Newsletter da Revista Sarabatana, enviada semanalmente, sempre às sextas-feiras.
Trilha sonora para essa edição: Caetano e Chico – Juntos e ao vivo
I
Comecei a escrever um novo livro, inspirado numa imagem que me veio em sonho. É o terceiro. Mal comecei e já me pergunto se vou conseguir publicar. A Sarabatana surgiu também de um desejo nosso, meu e da Lívia, de dar espaço para que as pessoas possam publicar seus textos. Nos demos conta, como muitos escritores no mundo, do quão difícil é entrar na bolha dos que são publicados. Sei que isso é verdade para quase qualquer arte, ser reconhecido não é tão simples assim. Muitas vezes nem mesmo diz respeito à qualidade do trabalho produzido. Mas acredito de verdade que quanto mais gente tiver acesso a meios de expor sua produção, mais o mundo se beneficiará. É que ver e ler coisas de qualidade é bom demais!
Há quase duas semanas encerramos uma chamada para o envio de textos inspirados em viagens e agora estamos na fase de avaliar o material que nos foi enviado. Sempre dá um frio na barriga. E se não recebermos textos bons o suficiente para fechar uma edição? E se tivermos que diminuir nosso nível de exigência? É sempre bom quando, à medida que vamos lendo os trabalhos, vamos nos dando conta de que esse é um medo descabido. Tem gente boa de verdade nesse mundo. Isso nos faz ver que nosso trabalho faz sentido. E, ah, como é maravilhoso.
II
Essa semana foi divulgado que o escritor norueguês Jon Fosse foi o laureado do Nobel de Literatura de 2023, por (em uma tradução livre) “suas inovativas peças e prosa, que dão voz ao indizível”. Confesso que nunca li nada de Fosse, mas a capacidade de dar voz ao que não se pode falar me parece extremamente atraente! De uma forma que talvez não faça nenhum sentido, essa curta frase me deu ganas de seguir adiante com meu trabalho na escrita e na Sarabatana. Ainda que eu diga (quase) sempre o que é bastante dizível. Rsrsrs!
E ontem Ailton Krenak foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira de número 5, que foi de José Murilo de Carvalho, falecido no último mês de agosto. Krenak é o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na Academia. Sua obra e ativismo em defesa do meio ambiente e dos povos originários é fundamental. Sua escolha para ser um dos imortais certamente trará novos ares para a ABL. Muito feliz notícia!
III
Semana passada fui a uma exposição na galeria Arte x Arte aqui em Buenos Aires, chamada Imagen Impresa – Fotografia & Libros en Argentina, com curadoria de Francisco Medail. Entre livros com belas fotos da Patagônia e obras com fotos de Evita em todas as situações possíveis, me chamou atenção a diversidade de formatos possíveis para a obra impressa. Aliás, ainda queremos ver a Sarabatana no papel, manuseável. Tocável. Como as palavras que ela encerra.

Não era uma exposição de literatura, é verdade, mas o livro pede texto e as fotografias acabam ganhando outros sentidos com as palavras que as acompanham, como já nos mostrou há muitas décadas a arte conceitual e outros tantos movimentos artísticos. É que a palavra tem o poder de criar o mundo. E não estou pensando em termos bíblicos aqui, embora essa também seja uma ideia bonita.
Sempre me pego pensando sobre como nossa língua conforma a maneira como vemos o mundo. O fato de que o mar seja masculino em português e feminino em francês há de alterar a forma como nos colocamos na vida. Talvez o mar fosse menos assustador e fascinante para mim se eu pudesse enxergá-lo como uma enorme senhora que tudo rodeia. Mas isso é pauta para outro texto.
IV
Amanhã, 07/10, vai acontecer a Feira do Livro de Flores (https://www.instagram.com/ferialibrodeflores/?hl=en) e no fim da semana passada aconteceu o Festival Internacional de Literatura de Buenos Aires (https://filba.org.ar/). Espalhado em alguns espaços da cidade, o festival contou com nomes de peso e mesas interessantíssimas. Um deleite!
Espero que o final de semana de vocês seja inspirador e alegre! Até breve!
📚Acabo de começar a ler O Clube dos Jardineiros de Fumaça, da Carol Bensimon, publicado pela Companhia das Letras e ganhador do Jabuti em 2018, na categoria Romance. É o segundo livro da Carol que leio (o outro rendeu resenha publicada na última edição da Sarabatana) e já quero ser amiga dela. Rsrsrs!
🎧Tenho ouvido menos música esses dias. Andei meio deprê, repensando a vida e todas as minhas escolhas. Mas foi com Caetano e Chico, naquela versão ao vivo que mistura Cotidiano e
Você não entende nada, que consegui começar a sacudir a tristeza para (um pouco mais) longe. Recomendo!