Newsletter – 23/02/24
Essa é a Newsletter da Revista Sarabatana, enviada semanalmente, sempre às sextas-feiras.
O nome é engraçado: narrativa do arenque vermelho. Mas o que significa isso? Uma narrativa sobre peixes, sobre o mar, sobre culinária? Nada disso, o nome engana! E a técnica, o que é? É enganar o leitor. Em outras palavras, se trata de apresentar uma pista falsa, no intuito de desviar a atenção de um assunto mais importante, levando os leitores a uma conclusão que não condiz com o desfecho que queremos dar à nossa história. Com isso conseguimos o famoso plot twist, tão valorizado em alguns meios literários e cinematográficos.
O termo arenque vermelho é usado em outros contextos, como parte da estratégia retórica na política, por exemplo. Essa expressão aparece em 1807, em uma história de William Cobet, na qual o cheiro forte do arenque (que fica vermelho por um processo de defumação) é usado para enganar e distrair cães de caça em perseguição a uma lebre.
A técnica, em inglês, leva o nome “red herring narrative”. Quando o usamos na narração de histórias, pretendemos criar suspense, surpresa e envolver o público. Ao desviar a atenção da verdadeira direção da história, mantemos os leitores constantemente tentando adivinhar e teorizar. Para quem defende o uso dessa técnica, isso é positivo pois oferece mais entretenimento, além de proporcionar uma leitura mais envolvente. Concentrado em teorizar, preso ao suspense e esperando pelo clímax, o leitor mergulha em nossas páginas e busca ir até o fim para comprovar ou não sua hipótese. Além disso, a técnica é perfeita para quem gosta de explorar temas que coloquem em xeque verdades estabelecidas, ou ainda que questione preconceitos e suposições.
Além de uma pista falsa na própria trama, essa técnica permite que alguns aspectos da personalidade dos personagens principais possam ser dúbios, orientando o leitor a desconfiar de suas verdadeiras intenções.
Porém, há perigos no caminho do arenque vermelho! Para ter certeza que o estamos usando bem, é importante estabelecer que a pista falsa seja perfeitamente crível. Verossimilhança é a palavra-chave. De nada adianta criarmos uma história de amor vitoriana, e termos como pista falsa um evento não plausível com a época. O arenque vermelho deve ser verossímil e relevante para a história; isso assegura que o leitor ficará surpreso e satisfeito quando a verdade for revelada.
Para entendermos bem como se usa a técnica, basta ler Agatha Christie ou Arthur Conan Doyle. Ambos a utilizam com destreza, nos envolvendo em suas tramas e nos surpreendendo. No cinema, o mestre do “red herring” foi Alfred Hitchcock.
Seus personagens e desfechos, frequentemente, estão longe de ser o que esperávamos!
Mais uma coisa: essa técnica não é encontrada apenas nos gêneros de mistério ou suspense. Ao contrário, pode ser encontrada – e aplicada – a uma ampla gama de narrativas. De comédias românticas a fantasias épicas, os arenques vermelhos podem ser usados para surpreender e desafiar as expectativas do leitor, independentemente do gênero.
Agora, com mais uma técnica em mãos, prepara seu conto, sua poesia ou seu manuscrito e manda ver nas chamadas abertas!
Chamada de originais da Editora Sanhauá – até 29 de fevereiro
Vai até dia 29 de fevereiro a avaliação de textos para os Originais Sanhauá. A chamada é para livros (obra completa). Crônicas avulsas serão desconsideradas. A inscrição é gratuita.
Chamada de originais do Caravana Grupo Editorial – até 29 de fevereiro
Proposta: “Neste 6º ano de atividades, após forte crescimento e expansão, temos por objetivo ampliar nossa presença na cena literária nacional e latino-americana, com criatividade, acessibilidade e inovação, em português e espanhol, de modo a ressaltar nossa origem mineira, portenha e latino-americana.” Se trata da publicação de um livro completo, de autoria própria e individual. A inscrição é gratuita.
Antologia – Os sete pecados capitais: Avareza da Cartola Editora – até 29 de fevereiro
A Cartola Editora lançará mais uma antologia de contos através de um concurso literário exclusivo para autores da língua portuguesa (autores de qualquer nacionalidade podem participar, no entanto, a revisão levará em conta o português falado e escrito no Brasil). O objetivo é incentivar que mais escritores sejam inseridos no mercado brasileiro como autores. A antologia “Os sete pecados capitais: Avareza” será composta por uma média de 30 (trinta) contos. As inscrições são gratuitas.
Antologia – Noite Perpétua da Cartola Editora – até 29 de fevereiro
A Cartola Editora lançará mais uma antologia de contos através de um concurso literário exclusivo para autores da língua portuguesa (autores de qualquer nacionalidade podem participar, no entanto, a revisão levará em conta o português falado e escrito no Brasil). O objetivo é incentivar que mais escritores sejam inseridos no mercado brasileiro como autores. A antologia “Noite Perpétua” será composta por uma média de 30 (trinta) contos. As inscrições são gratuitas.